Ao apresentar a Sociologia para os alunos da primeira série do ensino médio (períodos diurno e noturno), disse que a Sociologia é uma ciência, assim como a Química, a Física, a Biologia, a Biomedicina. No entanto, a Sociologia possui uma metodologia de trabalho própria, diferente das metodologias das ciências da natureza mencionadas. Não mistura soluções coloridas e não usa tubos de ensaio, por exemplo. Faz entrevistas e observações de campo, para citar algumas de suas abordagens.
Afirmei, ainda, que a Sociologia é uma ciência que estuda fenômenos sociais, a partir de causas igualmente sociais. Para ilustrar a minha fala, mencionei que, ao estudar a violência, a Sociologia não a explica a partir de razões supostamente individuais (má índole do criminoso, por exemplo), mas de estruturais: o aumento do desemprego pode aumentar os índices de violência? A ineficácia na aplicação das leis pelo Estado pode levar ao aumento da violência?
Por fim, comentei que a Sociologia pode se debruçar sobre tudo o que está presente na sociedade: o mundo do trabalho, a violência, a cultura, a educação, a democracia, a religião, o movimento punk, as torcidas organizadas, etc.
Uma boa definição para a Sociologia é aquela elaborada por um dos sociólogos mais importantes da segunda metade do século 20, o francês Pierre Bourdieu. De acordo com Bourdieu, a Sociologia procura compreender por que os integrantes de determinado grupo social que está sendo estudado sentem como sentem, pensam como pensam, agem como agem.
A seguir, disponibilizo a vocês um artigo muito interessante, publicado em 1978, por um dos sociólogos brasileiros contemporâneos mais importantes: o professor da Universidade de São Paulo (USP) Sérgio Miceli. À época professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Miceli analisou a torcida organizada Gaviões da Fiel, durante viagem da mesma para Porto Alegre. Na ocasião, o Corinthians tinha a missão de enfrentar o Inter pela final do Brasileirão de 1976, disputa vencida pelos colorados, que ficaram com o título. Boa leitura!
http://www.scielo.br/pdf/rae/v18n2/v18n2a07.pdf
O objetivo deste blog, criado em agosto de 2014 pelo professor Ricardo Lugó, é compartilhar conteúdos de Sociologia trabalhados ao longo dos três anos do ensino médio da educação básica, assim como informações sobre vestibulares, especialmente Fuvest e Enem/Sisu.
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016
sábado, 20 de fevereiro de 2016
Atenção alunos das oficinas do Narbal das turmas 7º ano A, 7º ano B, 8º ano A, 8º ano B e 9º ano A: seguem textos e algumas explicações sobre as discussões que começamos a fazer nas salas de aula sobre o tema "Cidadania e Democracia"
Nesta primeira semana de aulas, começamos a desenvolver, nas aulas destinadas às oficinas, o tema "Cidadania e Democracia". Vimos que a cidadania traz em si dois pontos centrais: acesso a direitos, mas, também, o cumprimento de deveres. Nossas aulas iniciais têm enfatizado o aspecto do cumprimento dos deveres.
Vivemos em sociedade e estamos sempre em relação uns com os outros. Quase sempre a minha atitude gera algum tipo de impacto na vida de outra pessoa e vice-versa. É preciso sempre ter em mente uma frase escrita por um pensador importante do século 19 chamado Herbert Spencer: "A liberdade de cada um termina onde começa a do outro".
Em uma sociedade democrática, caracterizada pelo fato de que as leis são elaboradas por representantes eleitos diretamente pelo povo, é necessário haver o compromisso de todas as pessoas em respeitá-las. Este é um dos princípios fundamentais das democracias modernas: todos devemos igualmente nos submeter às leis (porque, nas sociedades democráticas, elas são, em tese, a expressão da vontade da maioria).
Quando desrespeitamos uma lei, revelamos um baixo apreço pela igualdade. Afinal, se todos (independentemente do nível socioeconômico, escolarização, etnia, gênero, etc.) devemos nos submeter igualmente às leis, ao me recusar a obedecê-las estou dizendo que sou superior aos demais. Sou tão bom e diferente que posso me colocar acima das leis.
Os textos que lemos e debatemos em aula nesta primeira semana tratam do desrespeito às leis, de corrupção. Não apenas das grandes corrupções que transbordam das páginas dos jornais, mas, sobretudo, das pequenas corrupções enraizadas em nossa sociedade. Ou melhor, de como as pequenas corrupções são portas de entrada para as grandes corrupções.
Nos links a seguir, você terá acesso, novamente, ao artigo "Somos todos desonestos", do economista Ricardo Amorim, e a um reportagem do Portal Terra com 10 exemplos de pequenas corrupções que são cometidas tão frequentemente em nossa sociedade que quase já as aceitamos como práticas naturais, quando, na verdade, deveríamos ficar indignados quando nos deparamos com elas.
Alguns dirão que as pequenas corrupções são as armas que os cidadãos comuns usam para se defender das grandes corrupções cometidas pelos poderosos. Outros também dirão que nas cidades onde leis de tolerância zero a pequenas corrupções foram implementadas, como é o caso de Nova York, os grandes crimes cometidos pelas elites política e econômica continuaram impunes. O rigor, portanto, teria como alvo apenas o cidadão comum. Enfim, este é um debate longo e complexo, mas é fundamental refletirmos sobre estes assuntos porque eles geram impacto direto em nossas vidas.
Por fim, disponibilizo um terceiro texto, já lido e discutido no 9ºA, que mostra que o jeitinho, a malandragem, não são exclusividades do brasileiro. O desrespeito às leis é um problema, em maior ou menor grau, existente em todas as sociedades.
É importante enfatizar que tudo que está sendo colocado aqui vale para as sociedades democráticas. Nos países em que vigoram ditaduras e imperam leis, regras e normas arbitrárias, o desrespeito às leis pode ser uma forma de resistência política, de luta contra a opressão. Complexo, não? Ok, fiquem tranquilos, temos muitas e muitas aulas pela frente para discutir todos estes pontos.
Boa releitura!
http://ricamconsultoria.com.br/news/artigos/somos_todos_desonestos
http://noticias.terra.com.br/brasil/politica/veja-10-exemplos-de-corrupcao-no-cotidiano-do-brasileiro,880b6c891fd2c410VgnVCM20000099cceb0aRCRD.html
http://classificados.folha.uol.com.br/empregos/2016/02/1739857-funcionario-publico-espanhol-e-multado-apos-faltar-no-trabalho-por-seis-anos.shtml
Vivemos em sociedade e estamos sempre em relação uns com os outros. Quase sempre a minha atitude gera algum tipo de impacto na vida de outra pessoa e vice-versa. É preciso sempre ter em mente uma frase escrita por um pensador importante do século 19 chamado Herbert Spencer: "A liberdade de cada um termina onde começa a do outro".
Em uma sociedade democrática, caracterizada pelo fato de que as leis são elaboradas por representantes eleitos diretamente pelo povo, é necessário haver o compromisso de todas as pessoas em respeitá-las. Este é um dos princípios fundamentais das democracias modernas: todos devemos igualmente nos submeter às leis (porque, nas sociedades democráticas, elas são, em tese, a expressão da vontade da maioria).
Quando desrespeitamos uma lei, revelamos um baixo apreço pela igualdade. Afinal, se todos (independentemente do nível socioeconômico, escolarização, etnia, gênero, etc.) devemos nos submeter igualmente às leis, ao me recusar a obedecê-las estou dizendo que sou superior aos demais. Sou tão bom e diferente que posso me colocar acima das leis.
Os textos que lemos e debatemos em aula nesta primeira semana tratam do desrespeito às leis, de corrupção. Não apenas das grandes corrupções que transbordam das páginas dos jornais, mas, sobretudo, das pequenas corrupções enraizadas em nossa sociedade. Ou melhor, de como as pequenas corrupções são portas de entrada para as grandes corrupções.
Nos links a seguir, você terá acesso, novamente, ao artigo "Somos todos desonestos", do economista Ricardo Amorim, e a um reportagem do Portal Terra com 10 exemplos de pequenas corrupções que são cometidas tão frequentemente em nossa sociedade que quase já as aceitamos como práticas naturais, quando, na verdade, deveríamos ficar indignados quando nos deparamos com elas.
Alguns dirão que as pequenas corrupções são as armas que os cidadãos comuns usam para se defender das grandes corrupções cometidas pelos poderosos. Outros também dirão que nas cidades onde leis de tolerância zero a pequenas corrupções foram implementadas, como é o caso de Nova York, os grandes crimes cometidos pelas elites política e econômica continuaram impunes. O rigor, portanto, teria como alvo apenas o cidadão comum. Enfim, este é um debate longo e complexo, mas é fundamental refletirmos sobre estes assuntos porque eles geram impacto direto em nossas vidas.
Por fim, disponibilizo um terceiro texto, já lido e discutido no 9ºA, que mostra que o jeitinho, a malandragem, não são exclusividades do brasileiro. O desrespeito às leis é um problema, em maior ou menor grau, existente em todas as sociedades.
É importante enfatizar que tudo que está sendo colocado aqui vale para as sociedades democráticas. Nos países em que vigoram ditaduras e imperam leis, regras e normas arbitrárias, o desrespeito às leis pode ser uma forma de resistência política, de luta contra a opressão. Complexo, não? Ok, fiquem tranquilos, temos muitas e muitas aulas pela frente para discutir todos estes pontos.
Boa releitura!
http://ricamconsultoria.com.br/news/artigos/somos_todos_desonestos
http://noticias.terra.com.br/brasil/politica/veja-10-exemplos-de-corrupcao-no-cotidiano-do-brasileiro,880b6c891fd2c410VgnVCM20000099cceb0aRCRD.html
http://classificados.folha.uol.com.br/empregos/2016/02/1739857-funcionario-publico-espanhol-e-multado-apos-faltar-no-trabalho-por-seis-anos.shtml
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