sexta-feira, 31 de maio de 2019

Hegemonia (Gramsci), violência simbólica (Bourdieu) e indústria cultural (Adorno): conteúdo sobre cultura, dominação e controle, para os alunos das turmas 2ºA e 2ºB da EEPAM

No link a seguir, as reflexões de Antonio Gramsci sobre hegemonia, contra-hegemonia e intelectuais orgânicos; a noção de violência/dominação simbólica, para Pierre Bourdieu; o conceito de indústria cultural, para Theodor Adorno. Conteúdos trabalhadosem sala de aula nas turmas da segunda série do ensino médio.

Bom estudo!

https://www.dropbox.com/s/gtwyf7h5ewp26za/Cultura%20e%20ideologia.pdf?dl=0

quinta-feira, 30 de maio de 2019

Como se tornar um oficial do Exército, Marinha, Aeronáutica ou Polícia Militar? Informações importantes para os alunos da EEPAM que desejam seguir carreira militar


Em algumas tutorias ou em conversas diárias pela escola, alguns estudantes demonstraram interesse em seguir carreira militar. O objetivo desta postagem é fornecer informações sobre como se dá o acesso aos cursos de formação de oficiais do Exército, Marinha, Aeronáutica e Polícia Militar. Boa leitura!

Para saber como ingressar nos cursos de Formação de Oficiais das Armas, do Quadro de Material Bélico ou do Serviço de Intendência do Exército, acesse o link abaixo. Estes cursos de ensino superior formam os oficiais do Exército e são realizados na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), localizada na cidade de Resende, no Estado do Rio de Janeiro.
http://www.aman.eb.mil.br/acoes-e-programas

Para saber como ingressar nos cursos de formação de oficiais da Aeronáutica, acesse o link abaixo. Especial atenção para as informações relacionadas ao Curso de Formação de Oficiais Aviadores (CFOAV), Curso de Formação de Oficiais de Infantaria (CFOINF) e Curso de Formação de Oficiais Intendentes (CFOINT), todos realizados na Academia da Força Aérea (AFA), em Pirassununga, no interior de São Paulo.
http://www.fab.mil.br/ingresso

Para saber como ingressar nos cursos de formação de oficiais da Marinha, acesse o link a seguir. Os cursos que correspondem ao ensino superior são realizados na Escola Naval, na cidade do Rio de Janeiro.
https://www.marinha.mil.br/sspm/?q=concurso/formas-ingresso

Para saber como ingressar no curso de formação de oficiais da Polícia Militar do Estado de São Paulo, acesse o link a seguir. O curso é oferecido na Academia de Polícia Militar do Barro Branco, localizada no bairro da Água Fria, zona norte da capital paulista. 
http://www.policiamilitar.sp.gov.br/concurso/carreiras/quadro-de-oficiais

Instituto Eurofarma oferece cursos preparatórios gratuitos para Enem e Etecs

O Instituto Eurofarma, fundação ligada à indústria farmacêutica de mesmo nome, abriu 594 vagas para cursos gratuitos, destinadas preferencialmente a estudantes da rede pública. Entre os cursos oferecidos, destacam-se os preparatórios para o Enem ("De olho no Enem") e para as Etecs ("De olho na Etec").

Os cursos são realizados na sede do Instituto Eurofarma, no bairro de Interlagos (zona sul da capital), ou na unidade de Itapevi. Na sede, também são oferecidos alguns cursos profissionalizantes.

As inscrições devem ser feitas até o dia 15 de junho, por meio do site:

www.institutoeurofarma.com.br/cursos

segunda-feira, 27 de maio de 2019

Atenção alunos do 3ºA da EEPAM: orientações para a elaboração da dissertação a ser entregue em 3 de junho, sobre o filme "Junho, o mês que abalou o Brasil"

Com base no documentário "Junho, o mês que abalou o Brasil", assistido na sala de informática da escola, no dia 27 de maio de 2019, desenvolva um texto com, ao menos, 40 linhas, articulando os seguintes pontos:

- Qual a sua análise sobre as manifestações realizadas no Brasil a partir de junho de 2013? (Somente para recapitular, em 2013, elas começaram com a insatisfação diante do reajuste das tarifas do transporte público, mas incorporaram vários outros descontentamentos da população; em 2015 e 2016, tivemos as grandes manifestações pelo impeachment da então presidente Dilma Rousseff; em 2017, ocorreram mobilizações contra as reformas da previdência e trabalhista, incluindo uma greve-geral que paralisou a região metropolitana de São Paulo por um dia; em 2018, aconteceu a greve dos caminhoneiros; em 2019, foram realizadas manifestações contra o corte de verbas na educação, no dia 15/5, e a favor da reforma da previdência e do pacote anticrime do governo, em 26/5).

- Manifestações pacíficas ou violentas? Qual a modalidade mais adequada de expressar o descontentamento da população? Como você avalia a atuação dos black blocs vista no filme assistido?

- Arrancar bandeiras de partidos políticos das mãos de seus militantes, como aconteceu em algumas daquelas manifestações de junho de 2013, é um gesto democrático?

- A repressão da polícia aos manifestantes, vista em várias cenas, é legítima? Em que situações?

-  Os partidos políticos continuam sendo indispensáveis para representar os cidadãos nos poderes executivo e legislativo ou seria desejável a participação direta dos cidadãos nas decisões políticas? O monopólio de participação nas eleições deve ficar restrito aos partidos políticos ou poderíamos permitir, também, candidaturas independentes, como acontece nos Estados Unidos, e de movimentos sociais que têm mostrado, nos últimos anos, mais vigor e conexão com a sociedade que os partidos políticos tradicionais? Alguns exemplos dessas organizações são o Movimento Passe Livre (MPL) e o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), no campo da esquerda, e o Movimento Brasil Livre e o Vem pra Rua, no campo da direita. Procure articular a sua opinião com o artigo do filósofo Vladimir Safatle, anexado ao final desta postagem. Este foi lido e discutido em classe, nas aulas de dia 20 de maio.

O prazo para entrega da dissertação é:

3ºA: 3/6/19

Seu texto deverá ser individual, manuscrito e, em hipótese alguma, copiado da internet ou de algum colega.

Para assistir novamente ao documentário "Junho, o mês que abalou o Brasil" e ler o texto mencionado anteriormente de Vladimir Safatle, acesse os links a seguir.

Bom trabalho!



quarta-feira, 22 de maio de 2019

Baixe os Cadernos dos Cursinhos Pré-Universitários da Unesp e prepare-se melhor para os vestibulares

Acesse o link abaixo e faça o download dos Cadernos dos Cursinhos Pré-Universitários da Unesp, uma das três universidades estaduais paulistas.

São 7 cadernos que vão ajudá-lo(la) na preparação para os vestibulares.

Bom estudo!

https://www2.unesp.br/portal#!/servico_ses/materiais-didaticos/

terça-feira, 21 de maio de 2019

Tutoria: algumas informações relacionadas a questões apresentadas pelos estudantes em nossas reuniões semanais

Com base em algumas dúvidas apresentadas pelos 16 estudantes que fazem semanalmente tutoria comigo, na EEPAM, selecionei e disponibilizo a vocês algumas informações relevantes sobre esses questionamentos.

Sobre teste vocacional online, acesse:
https://guiadoestudante.abril.com.br/orientacao-profissional/teste-vocacional-do-guia-do-estudante-descubra-seu-perfil/

Sobre ranking universitário, acesse:
http://ruf.folha.uol.com.br/2018/

Sobre certificados de proficiência em inglês, acesse:
https://exame.abril.com.br/carreira/toefl-ou-ielts-entenda-a-diferenca-entre-os-exames/

https://www.britishcouncil.org.br/exame/ielts?gclid=EAIaIQobChMIk6GPs_Ot4gIVEAyRCh1PrQOQEAAYASAAEgLd5vD_BwE

http://www.alumni.org.br/Cursos/Carreira/Toefl/?gclid=EAIaIQobChMI5JLtxvOt4gIVj4eRCh0vxAIjEAAYAyAAEgK6ufD_BwE

Sobre intercâmbio para países da União Europeia, acesse:
https://www.eurodicas.com.br/erasmus-mundus/

Sobre o que fazer para obter visto de estudante na Espanha, acesse:
https://www.eurodicas.com.br/visto-estudante-para-espanha/

Sobre como se tornar estudante de uma universidade norte-americana, acesse:
https://epocanegocios.globo.com/Carreira/noticia/2017/03/graduacao-como-me-candidatar-para-uma-universidade-nos-eua.html

Sobre curso preparatório para ingresso na Academia do Barro Branco, que forma oficiais para a Polícia Militar do Estado de São Paulo, acesse:
https://viacarreira.com/curso-preparatorio-barro-branco/

Algumas reflexões de Émile Durkheim sobre socialização, para os alunos do 1ºA, 1ºB, 1ºC e 1ºD

Ao acessar o link abaixo, releia alguns fragmentos da obra "Educação e Sociologia", de Émile Durkheim, lidos e discutidos em sala de aula, e que ajudam a refletirmos sobre o tema socialização.

https://www.dropbox.com/s/701jqhyeg82dlbz/Texto%20sobre%20socializa%C3%A7%C3%A3o%20%28Durkheim%29.docx?dl=0

Conteúdo complementar sobre socialização, para os alunos do 1ºA, 1ºB, 1ºC e 1ºD da EEPAM

Conforme informado em sala de aula, segue o conteúdo complementar sobre o tema socialização, além do já postado neste blog em 13/5/19.

http://www.universiaenem.com.br/sistema/faces/pagina/publica/conteudo/texto-html.xhtml?redirect=37567438234290293631872937552

terça-feira, 14 de maio de 2019

Aos alunos do 2ºA e 2ºB da EEPAM: orientações para a atividade relacionada ao filme "Samba"

Na sala de informática da escola, assistimos ao filme "Samba" (Eric Toledano/Olivier Nakache, Gaumont, França, 2014, 118 minutos).

A exibição do filme teve o propósito pedagógico de conectar o filme com as noções de "estrangeiro" (Georg Simmel) e "estabelecidos e outsiders" (Norbert Elias), apresentadas em sala de aula.

O filme mostra, em algumas passagens com humor, as dificuldades de um imigrante clandestino senegalês, chamado “Samba", em sua busca por melhores oportunidades de vida na França.

Samba, no entanto, depara-se com a dificuldade para encontrar empregos, quase sempre precários, mal remunerados e de curta duração. Além disso, a todo instante precisa fugir dos órgãos de fiscalização do governo francês, que age para deportar os clandestinos, e vivencia situações de “desencaixe” cultural na sociedade francesa, já que é um “de fora” (outsider).

Sendo assim, escreva um texto com, no mínimo, 35 linhas, no qual você deverá analisar o filme ‘Samba’, a partir das já mencionadas ideias de estrangeiro (Georg Simmel) e “estabelecidos e outsiders” (Norbert Elias).

Em sua análise, em que passagens e cenas conseguimos conectar o filme assistido com os conceitos estudados em sala de aula?


Seu texto deverá ser produzido individualmente, terá de ser obrigatoriamente manuscrito e, em hipótese alguma, copiado de colegas ou da internet, sob pena do recebimento de nota zero se isso acontecer. 

Prazos de entrega:

2ºB: 22/5/19

2ºA: 24/5/19

segunda-feira, 13 de maio de 2019

Processos de socialização: para os alunos das turmas 1ºA, 1ºB, 1ºC e 1ºD da EEPAM

Conforme combinado, segue os conteúdo referente ao tema "processos de socialização", que vem sendo trabalhado neste segundo bimestre com as turmas das primeiras séries do ensino médio.

Boa leitura e bom estudo!


Atenção alunos do 1ºA da EEPAM: orientações para a elaboração da atividade sobre o filme "O senhor das moscas"

Com base no filme "O senhor das moscas", assistido na escola, escreva uma redação com, no mínimo, 35 linhas, na qual você deverá refletir sobre os seguintes pontos:

- Por que o filme se chama "O senhor das moscas"?

- O autor da obra literária que inspirou o filme parece ter uma visão do ser humano mais parecida com a de Thomas Hobbes ou Jean-Jacques Rousseau?

- Em que situações vistas no filme, as personagens trouxeram ou tentaram trazer o que aprenderam na sociedade onde viviam para a sociedade que começaram a construir na ilha deserta?

- O que as personagens Ralph, Jack e Piggy representam no filme, metaforicamente?

Data de entrega: 21/5/19 (terça-feira)

Para assistir novamente ao filme, acesse o link abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=9Br9RAXvioU&t=3110s

segunda-feira, 6 de maio de 2019

Enem: inscrições abertas até 17/5

Estão abertas as inscrições para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Os interessados deverão realizar a inscrição até 17 de maio. A taxa de inscrição, para quem não foi contemplado com a isenção, é de R$ 85,00. As provas serão realizadas nos dias 3 e 10 de novembro.

Para informações adicionais, acesse o link a seguir:

Vestibular Fatec: inscrições abertas até 10/6

Estão abertas as inscrições para o vestibular da Fatec, tradicional instituição de ensino superior administrada pelo Centro Paula Souza, autarquia do governo do Estado de São Paulo. As inscrições poderão ser feitas até o dia 10/6/19, às 15h. O valor da taxa de inscrição, para quem não solicitou isenção, é de R$ 70,00. A prova será realizada no dia 30/6/19 (domingo).

A Fatec oferece mais de 70 cursos presenciais, totalmente gratuitos.

Para informações adicionais, acesse o link abaixo:

https://www.vestibularfatec.com.br/home/

Análise sobre a obra "Os estabelecidos e os outsiders", de Norbert Elias e John Scotson, para os alunos das turmas 2ºA e 2ºB da EEPAM

Outsider, em uma livre tradução, significa “aquele que é ou vem de fora”, enfim, aquele que originalmente não faz parte de um determinado meio e é estigmatizado por isso. Foi o sociólogo Norbert Elias (1897-1990) o formulador da relação “estabelecidos e outsiders”, que vem sendo utilizada pela Sociologia desde então para analisar várias situações em que um grupo humano estigmatiza e discrimina outro.

Nascido em Breslau, na época pertencente à Alemanha (hoje, a cidade faz parte da Polônia), Elias escreveu um livro clássico na Sociologia, em parceria com John Scotson, chamado “Os estabelecidos e os outsiders” (1965), fruto de uma pesquisa realizada por ambos para investigar as tensões existentes em uma pequena cidade inglesa (no livro, batizada com o nome fictício de Winston Parva).

Inicialmente, Elias e Scotson pretendiam estudar as diferenças nos níveis de delinquência registrados em dois bairros, o mais tradicional e o mais novo de Winston Parva. No decorrer da pesquisa, mudaram o foco de análise. Isso aconteceu porque, embora as diferenças nos níveis de delinquência praticamente não existissem, quando comparados os dois bairros, o bairro mais tradicional continuava classificando o mais novo como local violento. O estudo permitiu, portanto, identificar um tema universal: como um grupo estabelecido estigmatiza um outro grupo, tratando-o como outsider.

Se dos pontos de vista urbanístico, arquitetônico, econômico, étnico, educacional e religioso a zona 3 era muito parecida com a zona 2, o fato de a zona 3 reunir moradores que chegaram aos poucos, especialmente durante a Segunda Guerra e após os bombardeios realizados pelos alemães em Londres, fez com que seus moradores levassem uma vida autônoma marcada pela reserva, sem muitas relações sociais e sem os fortes vínculos que caracterizavam a zona 2 e determinavam as condutas de seus habitantes.

Considerados, por seu estilo de vida, como uma ralé pelos moradores da zona 2, alguns habitantes da zona 3 demonstravam ressentimento – especialmente os jovens, que muitas vezes provocavam arruaças e tinham problemas com a lei – e outros acabavam por reconhecer como legítimas as discriminações que sofriam. A zona 3 ainda tinha uma minoria de casas bastante pobres, habitadas por pessoas mais rudes e barulhentas, que frequentemente se envolviam em problemas com a polícia. Injustamente, o comportamento de uma minoria era tomado como se fosse da maioria. Muitos dos moradores da zona 3 ouvidos por Elias e Scotson manifestaram o interesse de deixar o bairro, um comportamento diametralmente oposto ao registrado na zona 2, cujos moradores só imaginavam deixar o bairro se fosse para se mudar para a zona 1.

Por considerar o seu estilo de vida muito superior ao dos outsiders, os estabelecidos colocam-se em posição de superioridade, assim como o bairro em que vivem. Recém-chegados, sem vínculos sociais e acuados, resta aos outsiders o ressentimento (ou a resignação).

Os estabelecidos consideram-se humanamente superiores aos outsiders (em toda relação de preconceito está implícita a ideia de superioridade). Os estabelecidos recusam-se a ter qualquer outro tipo de contato com os outsiders que não seja profissional. Razões que podem fazer com que o primeiro grupo hostilize o segundo: diferenças socioeconômicas, de classe, de religião, étnicas, raciais, de estilos de vida, costumes, etc. Notem que o preconceito, no caso, não é individual, é coletivo, é como se os outsiders fossem portadores de uma desonra grupal.

Resumo da pesquisa conduzida por Elias e Scotson
A cidade inglesa de Winston Parva era composta por três zonas, chamadas no estudo de zonas 1, 2 e 3. Na zona 1, quase a totalidade das famílias era de classe média (em suas bordas, havia algumas poucas residências proletárias), o nível de escolarização era mais alto e as casas eram mais amplas e tinham um padrão nitidamente superior às existentes nas zonas 2 e 3.

Além disso, havia empresários residindo no local, bem como profissionais tecnicamente mais qualificados, como engenheiros. As famílias tinham poucos filhos e mantinham uma certa atitude de distanciamento em relação à vizinhança, característica marcante de pessoas que passaram pelo aburguesamento dos modos: as pessoas frequentavam pouco as casas umas das outras e nunca sem antes avisar, tinham reduzida atuação social, eram contidas, discretas, silenciosas, circunspectas. Como algumas dessas famílias eram originárias da zona 2 e mudaram-se para a zona 1 quando ascenderam socialmente, passaram a ser admiradas pelos moradores da zona 2. Por fim, a criminalidade era baixa e os jovens não tinham problemas com a Justiça.

As zonas 2 e 3 apresentavam muitos aspectos semelhantes. Eram bairros proletários, formados basicamente por mão-de-obra operária, as famílias tinham mais filhos e o nível educacional era significativamente mais baixo que na zona 1 (os bairros das zonas 2 e 3 abrigavam desde operários mais qualificados até trabalhadores braçais). Não havia diferenças étnicas, religiosas, econômicas e educacionais marcantes entre os moradores das zonas 2 e 3. Porém, como os moradores da zona 2 chegaram à Winston Parva no início da constituição da localidade, criaram fortes laços sociais e uma impressionante coesão interna. Apresentavam um nível intenso de interação, que se aprofundava à medida que muitos dos casamentos aconteciam entre integrantes das famílias do bairro, fazendo com que a zona 2 ganhasse a conformação de uma “grande e única família”.

Essa coesão criava princípios rígidos de conduta, cuja obediência proporcionava status a quem andava na linha e a desobediência condenava o “desviante” ao ostracismo e a todo tipo de recriminações públicas ou veladas, por meio das fofocas. Esses fortes laços resultavam em um ambiente de grande vigilância de uns sobre os outros, mas também era eficaz na resolução de problemas dos seus membros. As famílias pioneiras, as que chegaram no início da conformação do bairro, tinham ainda uma forte ascendência moral sobre todos.

Embora Elias tenha mencionado que aos olhos de um forasteiro as zonas 2 e 3 fossem bairros bastante semelhantes, tanto na configuração das ruas e de suas casas simples, como nas características étnicas, religiosas, educacionais e econômicas, os habitantes da zona 2 eram orgulhosos do bairro em que viviam e repetidamente manifestavam a sua percepção de grande superioridade em relação aos moradores da zona 3. Na zona 2, ainda havia algumas poucas residências de classe média, o que aumentava a sensação de orgulho dos moradores por seu bairro.

Basicamente, portanto, a diferença entre as zonas 2 e 3, segundo Elias, era a forte coesão social e os intensos vínculos de uma vida conjunta presentes na zona 2, bairro que também concentrava grande parte das igrejas, clubes, associações e pubs de Winston Parva, equipamentos que colaboravam para o fortalecimento desses vínculos. A coesão dava mais poder aos moradores da zona 2, que, sentindo-se ameaçados pelos outsiders, rechaçavam este grupo. O embate trata-se, assim, de uma luta por poder. A pesquisa também evidencia que grupos organizados podem alcançar mais facilmente o poderA coesão é alcançada quando ocorre a total aceitação das regras do grupo por seus integrantes.

O choque de estilos de vida proporcionava a forte discriminação dos moradores das zonas 1 (de forma mais branda) e 2 (muito intensa) em relação aos moradores da zona 3, que eram vistos como rudes, sujos, barulhentos, promíscuos, beberrões, desonestos e arruaceiros pelos demais moradores de Winston Parva.

Que tipo de luta se desenvolve entre grupos estabelecidos e grupos outsiders?
Tomando por referência o embate descrito por Norbert Elias no livro “Os estabelecidos e os outsiders”, trata-se, na ótica dos atores participantes, da luta dos limpos, bons, justos, ordeiros, trabalhadores, enfim, “superiores” contra os sujos, promíscuos, beberrões, vagabundos, arruaceiros, favelados, “inferiores”.

Na verdade, se formos tomar Winston Parva como referência, é uma luta muito mais dos estabelecidos contra os outsiders do que vice-versa. Até porque só os estabelecidos têm coesão interna, vida comunitária intensa e fortes relações sociais para atuar como grupo. Os outsiders seriam caracterizados pela baixa integração. Por isso mesmo, sofrem toda a sorte de ataques e não conseguem revidar.

É uma luta de estilos de vida, de comportamentos sociais, para que desse embate seja feita uma hierarquização da sociedade, com diferenciação de status, assim como Norbert Elias já havia mostrado na obra “O processo civilizador”. Isso fica claro porque no livro “Os estabelecidos e os outsiders” os bairros de onde surgem e para onde se direcionam os ataques são habitados por famílias de operários, marcadas por grande uniformidade econômica, educacional, religiosa e étnica. 

O que os diferenciam são a intensa vida comunitária, o grau de coesão interna construído ao longo de várias gerações na zona 2 e os fortes vínculos sociais e familiares, elementos que criam rígidas normas de conduta privadas e coletivas e punições implacáveis a quem se desgarra das normas. Os embates ocorridos na pequena cidade inglesa de Winston Parva servem, para Norbert Elias, como microcosmo para a compreensão do funcionamento da sociedade de forma geral.

Comportamentos típicos de grupos estabelecidos e grupos outsiders
De acordo com Norbert Elias, os estabelecidos seriam caracterizados por uma forte coesão social, estruturada em vínculos bastante rígidos que criariam um sistema geral de fiscalização de condutas. Esse sistema premiaria as atitudes consideradas positivas por esse grupamento de pessoas e puniria os desviantes com a perda de status na comunidade, o ostracismo e o ataque à reputação por meio de fofocas e difamações veladas.

Os vínculos, no caso da zona 2, foram estabelecidos pela antiguidade da comunidade – chegaram ao bairro quando ele começara a se formar –, pela composição familiar (casamentos entre integrantes das famílias do bairro fizeram com que surgisse, na verdade, uma grande família) e pela intensa vida social e comunitária em igrejas, associações, clubes e pubs.

Já os outsiders seriam caracterizados por uma vida sem vínculos sociais com a comunidade e por um estilo de vida basicamente marcado pela baixa coesão. Se na zona 1 de Winston Parva a atitude de reserva era vista como sinal de distinção, educação diferenciada, discrição e aburguesamento dos modos, no “beco dos ratos” (zona 3) a mesma atitude de reserva era vista como fragilidade de caráter, sinal de desonestidade, decadência moral e toda sorte de comportamentos desprezíveis. Ou seja, a incompatibilidade de estilos de vida é que faz um grupo ganhar o status de estabelecidos ou o estigma de outsiders.

Elias parte da análise das relações entre os moradores das três zonas de Winston Parva não apenas para identificar os estabelecidos e os outsiders na cidade industrial inglesa, mas também para compreender as características que tornam determinados grupos como estabelecidos e outsiders em sociedades dos mais variados tipos. Winston Parva funciona como um pequeno laboratório para tirar conclusões mais abrangentes sobre o funcionamento da sociedade de forma geral.

Autor: Ricardo Lugó